POSMILENISMO: Respondendo Objeções

Nota: Este artigo é, na verdade, parte de um debate sobre Escatologia que ocorre na Comunidade Apologética Cristã, no Orkut. Hoje estaremos publicando um trecho no qual respondemos a algumas objeções contra a fé Pós-Milenistas, que defendemos. Em alguns momentos o texto faz referencias a momentos a anteriores a ele, de modo que seria interessante que o leitor conferisse o debate na integra, acessando o link da referida comunidade.


Para facilitar a leitura dividimos o texto por assunto, e em cada assunto, o texto contem duas partes: a objeção e a resposta, sendo que a objeção está sempre em verde. Também acrescentamos ‘notas de rodapé’, a fim de proporcionar ao leitor detalhes adicionais importantes para o debate, que não fazem parte desta seção do diálogo.


Graça e Paz, irmão Neto.


Estarei postando alguns comentários que julguei importante sobre a sua última participação.

II
SOBRE O REINO

“Bem, mas notei que temos uma concepção diferente do significado de reino de Deus. Penso eu que Cristo trouxe sim o Reino de Deus, que os judeus rejeitaram esse reino, mas de forma alguma esse reino foi dado à igreja (…) O reino hoje é uma antecipação escatológica das bençãos milenares trazidas por Cristo no seu primeiro advento (…) e eu digo que AInda não é o Milênio”.


Exatamente o que eu quis lhe demonstrar. Superficialmente pode parecer que nós dois temos a mesma visão sobre o Reino de Deus, mas quando analisamos cada argumento até suas últimas conseqüências fica evidente que não é assim. De fato, compartilhamos de alguns pensamentos comuns, mas nossas teologias são completamente opostas.


No parágrafo acima –  reagrupado por mim de suas ultimas postagens – eu identifico alguns elementos que tornam nossas visões do Reino de Deus tão opostas uma da outra:


(a) Na sua visão, o Reino de Deus hoje é uma “antecipação”, logo, não é uma realidade plena, consumada. Ou seja, Jesus trouxe alguns aspectos do Reino, mas não O REINO. Nisso diferimos radicalmente. Penso que o Novo Testamento afirme que Cristo trouxe o REINO!


(b) Na sua visão, o Reino que Cristo trouxe não é o Milênio. Eu penso que é, pois Jesus só inaugurou um Reino, e o fez uma única vez. Quando Cristo vier para estabelecer o Estado Eterno, a primeira coisa que fará é ressuscitar os mortos, e logo depois, irá entregar o Reino a Seu Pai:  “Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda. Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força. Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte”- I Coríntios 15.22-26.


Observe que para a visão pré-milenista estar correta é preciso que haja uma ressurreição depois da grande tribulação; outra ressurreição depois do milênio. Caso o pré-milenista seja ainda pretribulacionista, precisará de uma outra ressurreição antes da Grande Tribulação (1). Em todos os dois casos a ordem estabelecida no Novo Testamento é violada: (1) a ressurreição dos mortos – (2) entrega do Reino ao Pai.


Uma segunda coisa a se observar no texto acima é que o Reino de Deus não é um estado de “perfeição”, mas sim,  um estado de luta vitoriosa contra o mal“Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés…” . A luz do Novo Testamento, como demonstrei anteriormente, esta Escatologia da Vitória se realiza a media que o Evangelho avança entre os povos (2).


(d) O irmão ainda diz que o Reino de Deus “de forma alguma” foi dado a Igreja. Como tenho demonstrado, o Reino de Deus foi sim dado a Igreja; e Jesus declara isso textualmente (3), como já demonstrei. Não que Deus tenha descartado Israel, como explica Paulo na Carta aos Romanos. Eles ainda fazem parte do povo eleito; mas sua participação no Reino esta condicionada a fazerem parte da Igreja: “Digo, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum; porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim. Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura diz de Elias, como fala a Deus contra Israel, dizendo: Senhor, mataram os teus profetas, e derribaram os teus altares; e só eu fiquei, e buscam a minha alma? Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos a Baal. Assim, pois,  também agora neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça”  – Romanos 11.1-5.


“Pense comigo, o que teria acontecido se os judeus tivesses aceitado o reino? Jesus teria morrido? Jesus teria reinado e destruido o império Romano?”

Os judeus jamais poderiam aceitar o Reino de Deus, pois eles foram endurecidos pelo próprio Deus (4). Isso é ensinado em Romanos.  De qualquer forma, Jesus jamais teria destruído o Império Romano para exaltar o povo de Israel como nação, pois esta nunca foi e nem será a natureza de Seu Reino. O seu Reino não visa destruir as nações a ferro e fogo como os discípulos almejavam, mas sim, alcançá-las pela pregação das Boas Novas.


“Jesus de forma alguma corrigiu a concepção deles de um reino terreno, político. Mas disse que antes disso acontecer, eles tinham uma missão, achar os eleitos em Jer., Sam e confins da terra” 


Nos dois casos que o irmão cita (5) –  Atos 1; e a passagem com os dois irmãos – é necessário ter em mente o fato de que os discípulos possuíam uma visão completamente errada sobre a natureza do Reino de Deus. E sua visão equivocada do Reino quase lhes custou a própria fé: “E nós esperávamos que fosse ele o que iria remir Israel;mas agora… sobre tudo isso… já é hoje o terceiro dia desde que tais coisas aconteceram!”Lucas 24.1


O Reino de Deus já era chegado, este era o ensino de Jesus, e os discípulos não compreendiam isso completamente. No entanto, nas predições escatológicas de Jesus haveria um SINAL VISÍVEL – ou sinais – de que tal reino era chegado: o avanço do Evangelho; as perseguições; a destruição de Jerusalém. O que eles não entendiam é que tais eventos não iriam inaugurar o Reino, mas sim, revelar ao mundo – especialmente aos judeus – que o Dia da Vingança havia chegado; e o Rei rejeitado está assentado no Trono de Davi: “Então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes; os que estiverem no meio da cidade, saiam; e os que nos campos não entrem nela. Porque dias de vingança são estes, para que se cumpram todas as coisas que estão escritas!” – Lucas 21.21,2.


Observe que a Grande Tribulação, seria contra o seu povo e sua cidade (6); exatamente como predisse Daniel. O mundo poderia sofrer algum dano colateral; contudo, a orientação de Jesus é:  se quer se salvar esteja bem longe daqui! (7).


É natural, portanto, que os discípulos se demonstrem curiosos para saber quando se daria isso!


No caso dos dois irmãos, penso que temos, sim, um exemplo de como Cristo corrigiu o entendimento errado que eles tinham da natureza do Reino – correção que eles só captaram algum tempo depois.Tendo os dois irmãos feito o audacioso pedido a Jesus, a Bíblia diz que houve certa confusão no meio dos discípulos. Certamente os demais se indignaram, uma vez que os dois se achavam maiores que eles. Isso levou Jesus a reuni-los para ensinar: “Sabeis que os que julgam ser príncipes dos gentios, deles se assenhoreiam, e os seus grandes usam de autoridade sobre eles. Porém, [b] entre vos não se dará assim [/b]; antes, qualquer que dentre vós desejar ser grande, será o vosso serviçal; e qualquer que dentre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos!” (Marcos 10.42-44). Observe que Jesus não se alinha a nenhum pensamento sobre um reino material , com palácios, nobreza e súditos.  Ele fala de um Reino onde governar, significa servir. Isso é uma descrição perfeita do Reino de Cristo mediante a Igreja. Se bem que alguns ‘líderes’ eclesiásticos por aí parecem clones de Tiago e João; he, he….


Ainda sobre este ponto conferir a nota nº 5, logo no fim deste artigo.


“Se Deus tirou o reino dos judeus e deu aos gentios, da forma que o irmão pensa, então as alianças feitas com Abraão e Davi, que eram INCONDICIONAIS, se tornaram CONDICIONAIS?”

Não, estas promessas continuam incondicionais. O próprio fato de Israel rejeitar o Messias é incondicional, uma vez que foi Deus que lhes deu um coração endurecido. Não se trata, neste sentido, da natureza das promessas; mas sim, da natureza do Reino e da natureza do povo das promessas.


É exatamente isso que Paulo tenha explicar em textos como: “Para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo, e para que pela fé nós recebamos a promessa do Espírito. Irmãos, como homem falo; se a aliança de um homem for confirmada, ninguém a anula nem a acrescenta. Ora, as promessas forma feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: ‘as descendências’, como se falasse de muitas, mas como de uma só; ‘e a tua descendência’; ou seja, Cristo!” – Gálatas 3.14-16.


Veja que não se trata de promessas anuladas; alteradas ou mesmo adiadas. Nada disso! Jamais houve qualquer alteração nas promessas; o que os judeus não entendiam qual era a natureza do que elas trariam. Eles não entenderam qual seria a natureza do Reino, e nem a natureza do povo do Reino. (8)


II
SOBRE AS 70 SEMANAS

Acho que o irmão não entendeu o meu argumento sobre o dia-ano e a cronologia dos Sete Setes. Eu não disse que não podemos interpretá-los como sendo 490 dias; o que eu disse é que ao assim procedermos a cronologia não bate dentro de uma interpretação literal. É só fazer as contas: as 70 Semanas, se começarmos a contar pela data inicial que o irmão mesmo sugere, terminará LITERALMENTE por volta do ano 37 d.C. (9)


Obrigar uma interpretação literalista da passagem só trará problemas. O seu seguinte comentário é um exemplo disso: “Quanto ao fato dos cálculos terminarem no ano 37d.C isso não é dificuldade, pois sabemos que o calendário é atrasado 4 anos, e que na verdade Cristo nasce 4 a.C. Logo, 37 – 4 é 33d.C. Touchê!!!”
Ora, se os 490 anos terminam, como irmão diz, em 33 d.C.; a ULTIMA SEMANA da profecia termina com a Morte do Messias; que na verdade, aparece na profecia como um evento a ocorrer na Semana 69! O que deve ocorrer na ULTIMA SEMANA é a destruição da Santa Cidade pelo Anticristo!!


E por isso que quem deseja obrigar uma interpretação literalista da passagem precisam argumentar que a ULTIMA SEMANA foi temporariamente suspensa; em certo sentido o tempo parou e voltará a andar num futuro indeterminado.


“Bem, quanto à pausa nas setenta semanas, eu não vejo nada que impossibilite isso”.


Talvez não veja, contudo, não existe nada na profecia que fale de uma pausa; absolutamente nada. O pré-milenismo criou a pausa porque não se pode provar que ela tenha se cumprido cronologicamente.


Mas eu vejo, sim, problemas para tal pausa. Quando o irmão busca me dizer que não se pode interpretar as Setenta Semanas senão pela literalidade, o irmão usa o seguinte argumento:“Essas semanas estão “determinadas”, palavra essa que indica que não é passível de alteração” .


É um forte argumento, admito. Mas ele não é forte só para mim! Observe que o termo “determinado” usado no texto é o hebraico châthak (חתך ). O significado desta palavra é: “cortar; separar; decretar”.


Esta profecia de Daniel veio devido à oração feita pelo profeta. Quando Deus lhe diz que ainda restava um tempo para a restauração prometida; ele ora pedindo que o Senhor não viesse a tardar mais. Enquanto ainda orava, o Senhor envia um anjo com a resposta: há um tempo determinado; será de Setenta Setes. Numa interpretação natural da passagem o mais correto é ver os Setenta Setes como cronológicos, consecutivos, ininterruptos. Em outras palavras, Deus diz a Daniel: “as promessas se cumprirão em 490 anos”! Contudo, na interpretação pré-milenistas, Deus está dizendo: “Desculpe, Daniel, sei que você esta orando por agilidade no cumprimento da promessa; mas eu lhe digo que vai demorar mais do que você imaginou! Eu separei Sete Setes para cumprir as promessas; e o último sete… bem, este está em algum lugar num lugar indeterminado no futuro que ninguém pode saber!” .


“O Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age sem tardar ; por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome… Estando eu, digo, ainda falando na oração, o homem Gabriel, que eu tinha visto na minha visão ao princípio, veio, voando rapidamente, e tocou-me, à hora do sacrifício da tarde. Ele me instruiu, e falou comigo, dizendo: Daniel, agora saí para fazer-te entender o sentido.  No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to declarar, porque és mui amado; considera, pois, a palavra, e entende a visão. Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo” – Daniel 9.
“Quanto aos textos citados pelos irmão sobre o estabelecimento da justiça eterna não acho que foram satisfatórios. Primeiro, o texto de II Cor 18-21 penso que o irmão forçou sua interpretação. Sim, fomos feitos justiça de Deus, mas de forma alguma esse era o sentido do termo justiça eterna. Lembre-se que o povo judaico estava em cativeiro pelo seu pecado. Lembre-se que a transgreção da lei pelo povo os levou a sofrerem. Quando Deus promete o estabelecimento de uma justiça eterna, entendo que é o estabelecimento de uma justiça que não será quebrada”. (10)
Você argumenta que eu forcei a interpretação do texto porque no Reino Consumado (Milênio) a justiça jamais será quebrada. Permita-me os seguintes comentários:


A justiça de Cristo hoje nunca é quebrada. Cristo é justiça nossa! Estamos perfeitamente seguros n’Ele.
No entanto, creio que sua objeção se baseia, na verdade, na imperfeição do estado presente; ou seja, se Cristo trouxe uma “justiça eterna”, como podemos olhar em volta e ver tanta imperfeição? A isso respondo: no Milênio esperado pelos pré-milenistas a justiça de Deus jamais será quebrada? Não é verdade que mesmo neste Milênio ainda haverá pecado, apesar da áurea de santidade que o envolverá? Não é verdade que no Milênio esperado pelos pré-milenistas apenas a Igreja reinará com Cristo tendo corpos glorificados e os demais humanos terão corpos sujeitos ao pecado? Não é verdade que ao fim do Milênio, Satanás sairá a enganar as Nações e quebrando a ‘justiça’ de Deus reunirá um exercito descomunal para guerrear contra Jerusalém?


Logo, se a realidade da imperfeição das coisas terrenas significa que Cristo não trouxe a Justiça eterna hoje; porque a imperfeição das coisas terrenas no Milênio, não significa igualmente que Ele não trará justiça eterna, “que não será quebrada”, em tal período?


Quando ao texto de Isaías não é verdade que ele fale de dois períodos distintos; mas sim, de um período que AVANÇA; que PROGRIDE: Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para sempre; o zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto!” .


“Agora os textos sobre o selamento da visão e da profecia. Mais uma vez os textos citados não colaboram. Primeiro, segundo li do própri Greg Bahsen, ele crê que a palavra “cumpri” em Mateus significa “complementar”, se não me engano, e não finalizar ou abolir. Assim, JEsus não “selou a profecia” e nem a “lei”.


Mas onde eu disse que Jesus aboliu a lei? Eu disse que Jesus cumpriu os profetas. Ou seja, Jesus é o que “fecha” ou “sela” todos os Profetas. Todas as profecias do Antigo Testamento se realizam n’Ele: “Porque Dia de Vingança são estes, para que se cumpram todas as coisas!” (Lucas 21.22). Observe que no texto de Daniel, o significado natural é que os Setenta Setes viriam para sela à profecia que fora dada a ele.

III
O TERMO “GERAÇÃO”

“Quanto ao texto de Mateu 24, sobre a “geração” não creio que essa seria a geração dos discipulos. Mas a geração que irá presenciar tanto essa grande tribulação que jamais foi vista, como a vinda do Filho do Homem em glória”.

Por muito tempo, mesmo depois de ter a muito rejeitado o pré-milenismo, eu também não cria que era a geração dos discípulos . Inclusive já defendi nesta comunidade que não era; contudo, eu estava errado.
Eu estava errado porque TODAS AS EVIDENCIAS dos Evangelhos indicam que Jesus se referia a àquela geração. Eu gostaria, por exemplo, que o irmão comentasse cada evidência que eu demonstrei sobre o caso anteriormente.


Aqui o irmão apresenta dois argumentos favoráveis a ser uma geração futura:


Eles veriam uma tribulação que jamais tinha sido vista. Mais a frente o irmão ainda vai dizer que Antioco e Nabucodonossor fizeram coisas piores. Não é esta a opinião dos Judeus que estiveram presentes as camidades de 70 d. C. –  Leia Flávio Josefo. De qualquer modo a expressão “tal como nunca houve” é linguagem apocalíptica comum do Antigo Testamento para se referir aos eventos calamitosos que vêm contra um povo.


Eles veriam a vinda do Filho do Homem em glória . E eles viram mesmo, a menos que Jesus tenha mentido:“Em verdade vos digo que alguns há, dos que aqui estão, que não provarão a morte, até que vejam vir o Filho do Homem no seu Reino!” (Mateus 16.28).


IV
UM TEMPLO LITERAL, no milênio (?)

“Esse é um “calo no pé” para o pré-milenista, admito. Eu não sei qual será a função do Templo no milênio, mas ele estará lá. Por isso, não acho que Cristo já ungiu o Santíssimo.”


Realmente é difícil entender qual a utilidade de um Templo Literal no Milênio, sendo que o próprio Templo se tornou inútil com a vinda de Cristo; e também se fizeram inúteis todos os seus serviços; como eu já tentei demonstrar em postagens anteriores.


No entanto, não é de se estranhar– permita-me dizê-lo -  que um pré-milenista que defende uma interpretação LITERAL de todas as profecias sobre o Reino, reconheça não saber qual a utilidade do Templo no Milênio? Se ele interpreta LITERALMENTE as profecias; e está seguro de que tal interpretação é a correta, a ponto de considerar outras interpretações como “espiritualizações” e “eisegeses”, não é de se supor que ele, com base em tais profecias, saiba exatamente qual a utilidade do Templo?


Vejamos o caso de Ezequiel 40 a 47. Esta porção das Escrituras é disputada pelos pré-milenistas como sendo relacionada ao Templo que existirá durante o milênio. Na descrição de seu serviço, como no Capítulo 44, encontramos coisas interessantes:


(a) Os sacerdotes do templo estarão, no Milênio, sob diversas ordenanças: as vestes sacerdotais de Arão; a proibição de se casar; a abstinência do vinho por ocasião do serviço no Templo; não rapar os cantos da barba; etc. Até aqui nada de mais, já que no Milênio pré-milenista nem todos terão corpos glorificados.


(b) Haverá coisa profana em Israel; e não só isso, também haverá contendas, e juízes: E a meu povo ensinarão a distinguir entre o santo e o profano, e o farão discernir entre o impuro e o puro. E, quando houver disputa, eles assistirão a ela para a julgarem” . Bem, levando em consideração que a maioria dos habitantes do suposto Milênio literal-futuro será composta de pessoas não “glorificadas”, tal descrição é bem compreensível… Contudo, ela certamente invalidada a sua objeção, irmão Neto , sobre aquela questão de “justiça eterna”.


(c) Mas infelizmente, para os pré-milenistas, no Templo prometido também haverá “oferta pelo pecado e a oferta pela culpa” (v.29). Isso sim é um baita problema, considerando o fato de que o Novo Testamento considera que todos estes elementos terminaram em Cristo, como busquei expor biblicamente em outra ocasião.


Mas não concordo que o Templo literal-futuro seja um “calo” no pé dos pré-milenistas. Na verdade, penso que se parece melhor com um “calcanhar de Aquiles”; tanto do pré-milenismo, como da interpretação literal das profecias – atinja-o, e o herói cairá!


Em amor;


Graça e Paz.
Notas:
(1) O pré-tribulacionismo precisa de várias ressurreições futuras, fato desconhecido pela maioria dos seus seguidores. Em meus estudos já consegui identificar 4 ressurreições defendidas no pré-tribulacionismo: a) a ressurreição da Igreja, no Arrebatamento; b) a ressurreição dos mártires da Grande Tribulação; c) a ressurreição dos salvos durante o milênio; d) a ressurreição dos ímpios, após o Milênio, para a condenação eterna. Apesar da Bíblia jamais fazer tal divisão, estas quatro ‘ressurreições’ são necessárias para manter a coerência lógica do sistema pré-tribulacionista.

(2) “Outra parábola lhes propôs dizendo: O Reino dos Céus é semelhante ao grão de mostarda que o homem, pegando nele, semeou no campo; o qual é, realmente, a menor de todas as sementes; mas, crescendo, é a maior das plantas, e faz-se uma árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos… O Reino dos Céus é semelhante ao fermento, que uma mulher toma e introduz em três medidas de farinha, até que tudo esteja levedado” – Mateus 13.31-33.

(3) “Diz-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: a pedra, que os edificadores rejeitaram, essa foi posta por cabeça do ângulo, pelo Senhor foi feito isto, e é maravilhoso aos nossos olhos? Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos” – Mateus 21.42-43.

(4) “O que Israel buscava não o alcançou; mas os eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos. Como está escrito: Deus lhes deu espírito de profundo sono, olhos para não verem, e ouvidos para não ouvirem, até ao dia de hoje” – Romanos 11.7-8. Na seqüência do texto pode se observar que Paulo defende uma restauração para o povo de Israel, MAS NÃO COMO POVO POLÍTICO, e tal restauração se deve a pregação do Evangelho:“Deus lhes deu espírito de profundo sono, olhos para não verem, e ouvidos para não ouvirem, até ao dia de hoje… pela sua queda veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação… Porque convosco falo, gentios, que, enquanto for apóstolo dos gentios, exalto o meu ministério; para ver se de alguma maneira posso incitar à emulação os da minha carne e salvar alguns deles… E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar…  – Romanos 11.8-36.

(5) A objeção fora que em textos como o de Mateus 20.21, Jesus não teria corrigido a visão ‘material’ que os discípulos tinha acerca da chegada e da economia do Reino. De fato, os discípulos criam exatamente como os judeus oprimidos de seu tempo: o Messias seria um Ungido-Guerreiro: por meio da espada os libertaria do poder opressor dos Romanos. A pergunta desta mãe apenas revela o conceito errado que eles tinham do Reino de Deus. Semelhante aos pré-milenistas, os judeus achavam que o Reino seria material , com um Imperador, uma Cidade-Estado, e um palácio material cercado de nobres!

Os discípulos lhe pediam um lugar de autoridade material – semelhante aos reinos gentios; mas Jesus, diz que de fato há lugares de destaque no Reino, mas eles em nada se assemelham ao costume gentio. Os líderes do Reino são aqueles colocados como servos dos súditos do Rei. No reino de Deus o sacerdócio é universal.

E por terem uma noção equivocada sobre a natureza do Reino eles quase perderam a fé no Senhor Jesus: “E nós esperávamos que fosse ele o que remisse Israel; mas agora, sobre tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram” – Lucas 24.24.

O que eles não entendiam é que o Reino de Deus não teria mais qualquer conotação nacionalista! Não entendiam que as promessas pertenciam a todos os povos (a), ou ‘todos os homens’, como se expressa a Bíblia e, que ela fala de um Reino que não é material (b), no qual ser gentio ou judeu de nascimento não faz a menor diferença (c), uma vez que em Cristo todos os crentes são Filhos de Abraão e Herdeiros das Promessas (d).

(a) Gálatas 6.14-16;
 (b) “Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora meu reino não é daqui. Disse-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Jesus respondeu: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.” – João 18.36,37.

(c) “Naquele dia Israel será o terceiro com os egípcios e os assírios, uma bênção no meio da terra. Porque o SENHOR dos Exércitos os abençoará, dizendo: Bendito seja o Egito, meu povo, e a Assíria, obra de minhas mãos, e Israel, minha herança” – Isaías 19.24,25 (Rom. 9:24-26; 1Pd. 2:9-10; etc).
(d)Sabei, pois, que os que são da fé, são filhos de Abraão!” – Gálatas 3.7.

(6) Mais correto afirmar que todos os ‘Setenta Setes’ são contra, ou ‘sobre’ a Santa Cidade, Jerusalém: “Setenta Semana estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua Santa Cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e profecia, e para ungir o Santíssimo” – Daniel 9.24.

(7) “Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo… os que estiverem na Judéia, fujam para os montes; e quem estiver sobre o telhado não desça a tirar alguma coisa de casa; e quem estiver no campo, não volte atrás a buscar as suas vestes… e orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno, nem no sábado!” Mateus 24.15-20.

(8) Em outras palavras, os judeus de quem Cristo ‘tirou’ o Reino, na verdade nunca o tiveram, pois não eram realmente filhos de Abraão e da promessa. Paulo esclarece que nem todo ‘judeu’ é ‘israelita’. Israelita é apenas aqueles que têm fé em Jesus, e isso segundo a Eleição da Graça! Gl. 3.7, supra citado.

(9) Este detalhe passa despercebido pela maioria dos ‘literalista’. Não percebem que uma interpretação REALMENTE literal dos Setenta Setes, impossibilita que o mesmo tenha sido interrompido, pois, segundo o texto, trata-se de uma cronologia exata e ininterrupta! Os ‘setenta setes’ foram ‘cortados’, determinados sobre a Santa Cidade: um período de tempo fixo. É estranho vê-los, os literalistas, nos acusando de ‘não literalidade’, quando sua tese sobre uma ‘interrupção do relógio profético’ também não toma o texto literalmente, como diz fazer. Com efeito, os pré-milenistas e pré-tribulacionistas, precisaram criar tal ‘interrupção do relógio’ exatamente porque a profecia, segundo eles, não se cumpriu quando deveria; ou seja, nos dias apostólicos!

(10) Aqui, a objeção se valeu do texto de Daniel 9.24 (supra citado). Segundo o irmão pré-milenista, ainda não houve o que ali está previsto: cessar a transgressão, expiar a iniqüidade, trazer justiça eterna; etc.

2 comentários :

  1. Certa vez vc me passou um site que tinha os livros de Chilton (verdades preteristas, algo assim... mas não encontro de maneira alguma...
    tem como me passar novamente?
    Obrigado
    Luciano
    mcapologetico.blogspot.com

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  2. http://www.verdadasd.org/pretertrad.html

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